Para agendar a Defesa de Tese:
A Defesa de Tese deve ser agendada no sistema SIGA (DAC/UNICAMP), através de uma série de procedimentos que podem ser observados no Manual de Defesa de Dissertação/Tese - clique aqui.
Esta tese pretende explorar como Michel Foucault repensou a história a partir do espaço, abrindo-a para outras concepções de tempo e para novas possibilidades de crítica do presente. Ao compreendermos que este filósofo desnaturalizou os objetos históricos, propiciando outros modos de problematizar a atualidade e de questionar o passado, argumentamos que essas aberturas foram acompanhadas por formas renovadas de relacionar a temporalidade com a espacialidade. A partir das produções realizadas entre as décadas de 1950 e 1970, selecionamos obras, entrevistas e projetos coletivos, entrelaçando-os com manuscritos e materiais ainda inéditos situados na Bibliothèque nationale de France (BnF) e no Institut Mémoires de l’Édition Contemporaine (IMEC). Em diálogo com elaborações da teoria e da filosofia da história, bem como da história intelectual, consideramos que estes documentos nos permitem investigar as múltiplas formas com que Foucault espacializou o tempo e, paralelamente, temporalizou diferentes espaços, indicando novos horizontes de pensamento e de historicização. Concentraremos esta pesquisa em três eixos de análise: o primeiro privilegia a abordagem arqueológica apresentada em História da loucura (1961), examinando seu afastamento de uma concepção de tempo universal nos anos 1950 e sua adoção de uma perspectiva espacializada da história. O segundo eixo focaliza as heterotopias, com destaque para a crítica foucaultiana da representação moderna do espaço e sua valorização das polivalências, heterocronias e “contraposicionamentos”. Por fim, o terceiro eixo aborda suas pesquisas colaborativas junto ao Centre d’études, de recherches et de formation institutionnelles (CERFI), nos anos 1970. Situando estas atividades como uma “dimensão coletiva” ainda pouco explorada das reflexões genealógicas do filósofo, investigaremos a importância do Projeto “Genealogia dos equipamentos coletivos” e das lutas da antipsiquiatria desenvolvidas neste período. Assinalamos que as relações do filósofo com o CERFI podem ser percebidas como um “laboratório” de debates e de transformações fundamentais para o que ele denominou como uma “história dos espaços”.
Esta tese investiga criticamente a construção do Brasil como um “Paraíso sexual”, revelando as raízes coloniais, raciais e patriarcais que sustentam essa imagem no imaginário social. A partir de uma abordagem arqueogenealógica inspirada em Michel Foucault e em diálogo com estudos decoloniais, feministas e de gênero, analisa-se como autores como Paulo Prado e Gilberto Freyre, desde o século XX, erotizaram a identidade brasileira, transformando o corpo e o desejo em dispositivos de poder. A pesquisa percorre documentos coloniais, relatos de viajantes, imagens iconográficas e discursos intelectuais para compreender como o erotismo foi instrumentalizado na racialização e inferiorização, especialmente dos corpos femininos negros e indígenas. Por fim, propõe uma reinterpretação do erótico, com base em autoras como Audre Lorde e Eliane Robert Moraes, como força criativa e política de reinvenção dos corpos e subjetividades.